COISAS CURIOSAS NA RELAÇÃO COM OS AUTOMÓVEIS
Por Fernando R. F. de Lima
Na
relação entre homens (incluídas as mulheres) e máquinas, há muitas coisas que
são, no mínimo, curiosas. Vejo por exemplo a questão da escolha do carro pelo
desenho exterior, muito mais importante, em geral, que o interior. Acho que se
todas as pessoas escolhessem os carros pelo conforto que eles proporcionam,
iríamos todos andar em minivans. Contudo, a participação destes veículos no
mercado tem decrescido e uma das razões deve ser o desenho.
Temos
que reconhecer, eu e você leitor, que um Nissan Livina ou um C4 Picasso não são
exatamente obras primas de design. O C4 Picasso ainda se salva por seu painel
de instrumentos retirado de algum catálogo de ficção científica e seu
para-brisa estendido que, junto com o teto solar, dá a impressão de que estamos
dirigindo debaixo do próprio céu. Provavelmente deve ser o melhor carro para
namorar a noite sob a luz das estrelas.
Mas nós
passamos a maior parte do tempo do lado de dentro de nossos carros, porque nos
importamos tanto com o lado de fora? A resposta mais provável é porque o carro
passa uma imagem de quem nós somos; se você tem um Ecosport ou um CrossFox, ou
ainda um Sandero Stepway, você passa a imagem ao mundo de que é uma pessoa com
espírito aventureiro.
Para ser reconhecido, você dirige o tempo
todo com a janela aberta e o cotovelo pra fora, para que todos possam te ver,
certo? Errado. Você se enclausura dentro do carro, com o ar condicionado ligado
e uma película com menos de 10% de visibilidade para que NINGUÉM consiga te
ver. Alguns usam películas tão escuras que chegam a dificultar manobras, tendo
que abrir o vidro para estacionar em lugares apertados, sobretudo nas noites de
chuva que são os momentos em que mais precisamos de janelas fechadas.
Outra mania curiosa é a dos faróis de
neblina. No Brasil, na maior parte do país, este é um acessório absolutamente
dispensável. Seu uso é meramente estético. Além disso, é um acessório que às
vezes custa mais de R$ 1000,00. Para quê? Para passar a imagem de que você é
uma pessoa que dirige na neblina? Ou que acha que ainda está no meio de um fog londrino?
A predileção por carros pretos é outra esquisitice.
É como se você quisesse passar desapercebido com um carro preto que pesa 2,5
toneladas. Ou então, quisesse chamar atenção, como se fosse um funcionário de
alto escalão do governo. Mas que funcionário de alto escalão do governo dirige
o próprio carro? Ou ainda, que funcionário de alto escalão dirige um Celta ou
um Gol preto? O preto ainda tem como desvantagem o fato de ser a cor que mais
destaca a sujeira e a poeira e que mais aparecem os riscos. Mas porque
evidenciar a sujeira se o brasileiro adora mostrar que tem o carro sempre
limpo?
Finalizando o diletantismo, há a questão da
chave canivete, que virou um acessório muito cobiçado nos automóveis. A
Volkswagen cobra por ela à parte no pacote Trend para seu Gol 1.nada e várias
marcas oferecem. Mas como disse um amigo meu, que adianta uma chave tão chique,
rebuscada, bonita, que dá prazer em carregar no bolso se ela vai parar na mão
do frentista na hora de abastecer o carro, tendo em vista que nem sempre ela é
vendida casada com o acionamento interno da abertura do tanque de combustível?
Fernando, carro preto é imponente, mas depois de usar um branco em nosso clima, vi que sofri a toa mesmo. Agora, andar de carro fechado, com ar condicionado vai na mesma linha de explicação, diferente do design que projeta o que gostaríamos de refletir quanto a nós, o que tem a ver com o mundo que gostaríamos de viver. Quanto às vans, não sei, não sei se se comparam a um Landau em termos de conforto.
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