MEU CASO COM UMA JAPONESA


Fernando R. F. de Lima.
Falando assim, pode até soar estranho. Minha esposa certamente não irá gostar do título. Mas este affaire durou dois anos, de 03 de março de 2010 a 27 de fevereiro de 2012. Foram 18 mil quilômetros juntos, nos quais pudemos fazer longos passeios. Mas nossa maior convivência era urbana mesmo, nas idas e vindas do trabalho. Esta japonesa foi uma Yamaha Fazer 250, do modelo novo.
Qualquer coisa que se fale sobre a Fazer 250 é chover no molhado. A moto é excelente no que se propõe. É certamente a melhor dentre todas as motos urbanas do mercado, superando com folga a líder de vendas Honda CG 150 e 125 e similares. Ela faz tudo o que uma CG faz, mas anda como uma CB 300 sem cobrar a conta no posto de gasolina. Suas suspensões trabalham muito bem, garantindo certa esportividade e o motor tem bastante torque desde as baixas rotações.
A princípio, seus 21 cv não empolgam muito, ainda mais considerando seus 151 kg a seco. Somados os fluidos (incluindo 19 litros de gasolina), e o piloto, o peso salta para 270 kg. No caso da minha ainda havia um baú de 45 litros sempre acompanhado de um capacete extra e uma bolsa com mais ou menos 4 quilos, somando uns 10 kg ao total. Ainda assim a moto acelerava bem, parava bem (graças aos discos dianteiro e traseiro, exclusividade entre as utilitárias, com exceção da CB 300 C-ABS) e gastava pouco (média de 30 km/l). Na estrada, era possível manter 120 km/h no painel nas retas, chegar a 140 km/h nas descidas, mas nas subidas mais longas era difícil manter os 100 km/h. Deve-se destacar que isso não é nada diferente do que fazem todas as suas concorrentes com motor semelhante, sendo que das menores nem se fala.
Fiz algumas viagens com esta moto: fui para a Serra do Rio do Rastro e Florianópolis com a esposa na garupa, totalizando mais de 1200 km, para São Paulo, no salão do automóvel de 2010, fechando outros 900 km, para o litoral paranaense, algumas vezes nos “bate-volta” de 220 km, entre outras. Mas eu circulava mesmo dentro da cidade. Peguei muita chuva com ela, e seu comportamento sempre foi exemplar.
A minha Fazer nunca me deu nenhum problema. Nenhum problema mesmo. A moto foi absolutamente confiável nestes dois anos que fiquei com ela. Nunca falhou, nunca ficou sem bateria, nunca sequer engasgou com alguma gasolina duvidosa que posso ter colocado em seu tanque. O único incidente foi um pneu furado, mas já estava na hora mesmo trocar o Pirelli Demon original quando ocorreu o furo.
Por conta destas características, já é comum ver vários motoboys utilizando esta moto para entregas, o que dá até pena. É duro ver aquela que já mexeu com seu coração labutando com uma caixa grotesca pendurada naquela rabeta esportiva, com faróis de led acompanhados de um adesivo ridículo qualquer, estilo “vida loka”. Quando as características da Fazer começaram a cair na boca do povo, decidi que era hora de trocá-la. Já não suportava saber que ela era de todo mundo. Mais uma, tal qual a CB 300, ou as CG’s, ou ainda as YBR. Mas não era só uma questão de status que me vez abandoná-la.



Como uma moto que faz tudo de modo adequado, a Fazer também é uma moto que não empolga em nenhum quesito. Seu desenho é bonito, mas não arrebatador; seus freios são bons, mas não excelentes como o C-ABS da CB 300. Seu motor é ótimo, mas o ronco do escape é decepcionante, sobretudo em altas rotações. Por fim, a posição de pilotar é correta, mas não empolga. A Fazer cumpre muito bem a proposta de uma moto pequena para trabalho e lazer. Mas já não é mais a moto para mim. Não compraria uma CB 300, mas também já deixei a Fazer pra traz. Ela foi vendida no dia 27 de fevereiro e espero que seu novo proprietário seja tão feliz com ela quanto eu fui. Mas a vida é assim mesmo. Bola pra frente. Adeus Feizoca!

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