VULGARIDADE EM FORMA DE AUTOMÓVEL


Por Fernando R. F. de Lima.
E agora eu fiquei doce igual caramelo,
To tirando onda de Camaro amarelo.
E agora você diz: vem cá que eu te quero,
Quando eu passo no Camaro amarelo.

            Os “versos” da “poesia” (pra que tanta aspa?) que abrem o texto já dão uma ideia do que vou falar: o tal Camaro, assim como o Mustang ou Charge são ícones da vulgaridade sobre quatro rodas. Ninguém com bom conhecimento em mecânica compraria um carro destes para participar (por exemplo) de track days. Tampouco pode-se dizer que ele sejam ícones de desempenho: por menos dinheiro é possível achar coisa mais divertida no mercado.

Estes três carros, versões repaginadas e modernizadas dos muscle cars dos anos 1960 são carros cujo único apelo é estético. No caso da Dodge, em matéria de desempenho o Viper é o que se destaca. Na GM americana é possível encontrar o Corvette e a Ford tinha em seu catálogo até há pouco o Ford GT 40. Atualmente é a única que fica devendo um verdadeiro esportivo, já que mesmo na Europa o jeito é se contentar com versões apimentadas do Focus ou Fiesta.
            Ao contrário do que foram no passado, carros acessíveis que se transformavam em muscle cars pela adoção de um motor V8 com muito mais potência que o recomendado para o chassis dos carros de então, hoje eles não tem um função no mercado a não ser o “tirar onda”. Fazendo uma comparação, são mais ou menos como andar por aí ao lado de uma mulher fruta; você pode até posar de gostosão, mas todo mundo sabe que se você casou com ela você é, na melhor das hipóteses, um trouxa.
            Camaro, Mustang e Charger são carros que deveriam ser comprados apenas por locadoras de veículos. Sua real categoria deveria ser carros prostitutas: você paga por algumas horas de diversão, mas ninguém arrazoado irá leva-los para casa e constitui família com eles. No máximo uma despedida de solteiro, ou uma noitada de verão. Este é o destino destes carros. Os antigos viraram ícones porque, no fundo, antes e ainda hoje, nos vivemos de aparências. Só que naquela época, a diversão destes carros era parecer um pobre coitado num popular, que de repente saltava a frente no sinal queimando borracha cruzando o quarto de milha abaixo dos 15 segundos. Hoje, é o contrário: compra-se um carro destes para parecer que se tem um esportivo com muitos cavalos a mostra, capaz de arrancar o asfalto, quando o que se vê é um gordinho careca usando bota e ouvindo música sertaneja na porta de uma boate da moda.

AINDA SOBRE A APARÊNCIA
No sentido oposto, para aqueles que querem seguir o exemplo do papa e parecer humildes, no EUA é moda, já há alguns anos, ser visto dirigindo um Toyota Prius ou qualquer outra destas porcarias que possuem dois motores ruins trabalhando juntos, sendo um deles elétrico. Com a redescoberta da humildade no Brasil, e o despertar da consciência sócio-ambiental, pode ser que passemos a ver celebridades desfilando em carros híbridos por aí.

NOVOS PONEY CARS

Os reais herdeiros dos poney cars nos dias de hoje são os alemães BMW série 1 M, o Audi A1 e Classe A AMG. Estes carros reúnem muita potência em corpos enxutos, capazes de deixar para traz qualquer Camaro amarelo, moderno ou antigo. Já esportivos, há ofertas de sobra no mercado para quem possui um conta bancária na casa dos 7 dígitos.

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