IMPRESSÕES AO DIRIGIR – JAC J2



Quando fui ao salão do automóvel no ano passado vi a apresentação do Jac J2, que prometia muito ser um carrinho ágil, econômico e divertido para uso urbano. Outro dia, resolvi andar no carro para ver se ele entregava o que prometia, ao menos em alguns destes quesitos. Como a primeira impressão é a que fica, pode-se dizer que o acabamento do carro está dentro da média do segmento dos populares de entrada, nem melhor, nem pior.

Por Fernando R. F. de Lima


De modo geral, a cabine parece bem montada, com regulagem de altura, mas não de distância, do volante. O espaço do banco dianteiro é melhor do que o do carro apresentado no salão do automóvel, mas tão restrito quanto num Celta. Já a largura é melhor que a do veículo da GM. Neste sentido, o J2 perde feio do novo Uno, que em minha opinião é a referência em compactos no que diz respeito a espaço dianteiro para motorista.
O porta malas do carro é risível, mas isto não é necessariamente um demérito. Há possibilidade de abaixar o banco traseiro bipartido, o que aumenta um pouco o espaço e permite transportar volumes maiores. Os equipamentos são apresentados como o ponto alto do carro: por R$ 32 mil leva-se ar condicionado, direção hidráulica, ABS e air-bag duplo. O diferencial seria o motor 1.4 (na verdade 1.35l) de 104 cv de potência que tornariam o carro, nas palavras do vendedor, um foguetinho.
Porta Malas risível
Se não chega a ser bonito, também não é feio.
É justamente neste ponto que reside a decepção com o J2. Ao contrário do que seria de se esperar, o 1.35 é lento em baixas rotações. O torque é insuficiente para deslocar o carro com desenvoltura sem recorrer a rotações elevadas. Alguém poderia argumentar que, sendo a proposta do carrinho esportividade, esticar marchas seria o ideal. Mas aí reside o segundo problema: o câmbio, além de relativamente impreciso e com uma alavanca longa, tem relações de marchas muito abertas, o que permite atingir quase 100 km/h em 2 marcha, mas faz com que o motor leve muito tempo para encher, uma vez que ele só responde bem em alta.
Isto é, ao contrário do finado Ka 1.6 XR, cujas marchas curtas eram irritantes na estrada, mas deliciosas de serem trocadas, o J2 é um carro com um motor potencialmente estimulante mas um câmbio muito longo, o que deveria trazer economia de combustível. Aí reside o mal do carrinho: querer agradar a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo.
Pode-se pensar que pelos equipamentos oferecidos o J2 seria um bom negócio, mas existem algumas pedras no caminho dele. Uma delas se chama Toyota Etios. Tive a oportunidade de dirigir um Etios, também completo, com motor 1.3. Este era um carro sem qualquer compromisso com esportividade. Talvez pelo know-how da Toyota em fazer carros, o Etios 1.3 entrega desempenho com muito mais contundência que o J2 na cidade, além de não fazer feio na estrada em velocidades normais. Além disso, oferece muito mais estabilidade em frenagens e contornos de curvas, em que a carroceria do J2 (alta e estreita) assusta aos não acostumados. Naquela versão o Etios saía por R$ 35 mil, com um plano de financiamento muito mais camarada que o do J2. Além disso, de acordo com os testes realizados nos diversos periódicos, o Etios destaca-se pelo baixo consumo de combustível.

Na faixa dos R$ 32 mil, há outras boas opções para carros urbanos racionais: o Novo Uno, que com os mesmos equipamentos sai por R$ 32 mil na versão 1.0, o Gol, ao redor dos R$ 33 mil com estes equipamentos, o Clio e o Fiesta, por volta de R$ 29 mil igualmente equipado e até mesmo Onix , que entrega tudo isto por R$ 32 mil. Obviamente, são versões 1.0, cujo desempenho é inferior ao do J2. No entanto, são carros muito mais equilibrados, que oferecem, inclusive, um porta-malas com praticamente o dobro da capacidade, versatilidade sem vender uma falsa proposta esportiva.

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