SE EU FIZESSE UM RANKING DE AUTOMÓVEIS - COMPACTOS
Por Fernando R. F. de Lima.
Fazer um ranking de automóveis é coisa mais complicada do
que parece. Os entendidos da imprensa especializada adoram dar notas para os
carros em diversos quesitos. Particularmente nunca vi um carro ganhar nota 10
em alguma coisa. Mas se fosse assim, qual seria a referência de algum segmento,
começando pelos mais concorrido de todos, o dos compactos?
Para organizar a lista, o mais correto é, antes de tudo,
fazer uma seleção de tudo o que deve ser analisado num carro antes para
considerá-lo como referência, seja de coisa boa, seja de coisa ruim. O mais
fácil é se ater ao óbvio, como estética, equipamentos de série, preço, potência
do motor, economia de combustível, etc. A maioria imensa dos jornalistas liga
muito pouco, ou pouco entende, de aspectos que realmente tornam um carro
agradável de conviver durante três ou quatro anos, até a troca pelo próximo. No
caso de um compacto, espera-se sempre que a troca seja por outro carro melhor.
Assim, eu faço minha própria sugestão de coisas que devem
contar num carro realmente prazeroso de conviver durante vários anos.
Economia: um carro de referência deve ser econômico, ao
menos para os padrões de sua categoria. Um carro econômico não é apenas aquele
que faz mais quilômetros com litro; é também aquele que visita menos a oficina
e que dá menos prejuízo na hora de fazer o seguro. Outra coisa importante é ter
peças de reposição a pronta entrega, seja um espelho retrovisor ou um kit de
embreagem, ou ainda um filtro de óleo. Por fim, um carro deve depreciar menos
que a média do segmento para ser referência. Assim, a economia pode ser
resumida em três itens: rendimento (km/l), seguro e peças de reposição e
depreciação ao longo de quatro anos.
Como dinheiro não é tudo na vida, outro aspecto a considerar
é o desempenho. Este não é medido apenas em termos de aceleração de 0 a 100
km/h ou retomada em quinta de 60km/h a 120km/h (alguém faz isso?). O desempenho
de um carro é medido pelo esforço que o motorista faz para chegar a qualquer
que seja a velocidade desejada. Assim, um carro que em tese é mais rápido no 0
a 100 km/h feito em condições de pista pode ser mais incômodo no anda e para
urbano. E a melhor retomada pode significar um carro incômodo na hora de
realizar uma ultrapassagem, por ter uma relação de marchas muito curta ou muito
longa. E fator que nunca deve ser esquecido é a capacidade de frenagem,
sobretudo em pista molhada.
Por fim, as questões internas. Destas, eu considero a
habitabilidade uma das mais fundamentais. Coisa que me incomoda muito num carro
é um painel feio. O painel é parte do carro que nós mais vamos olhar durante
nossa convivência. Portanto, ele deve ser bem apresentável. Aqueles buracos
vazios de instrumentos são coisas extremamente desagradáveis de se ver ano após
ano. Outra coisa é a ergonomia básica. O câmbio, o volante, os pedais e o banco
devem ter uma posição tal que permita longas horas na direção, ano após ano.
Mais uma coisa que considero relevante é a capacidade de carga. Rebater os
bancos para levar coisas dentro do carro é uma das tarefas que nunca deveriam
ser esquecidas na compra de um carro, considerando ainda a facilidade em
realizar esta manobra.
Depois disso tudo, coisas como desenho, potência total e até
mesmo o preço, que em última instância depende da negociação na concessionária,
são coisas secundárias, que são facilmente compensadas por todas as outras
considerações até aqui. De posse destes elementos, passo a minha avaliação dos
carros, pelo que oferecem, no segmento dos compactos. Vou listar os carros e
depois ordená-los.
VW - Gol G4, Gol G5, Fox e Polo;
Fiat – Mille,
Uno, Palio, Punto;
GM – Celta, Ónix, Corsa, Agile;
Ford – Ka,
Fiesta, New Fiesta;
Peugeot – 207;
Citroen – C3, Novo C3;
Renault – Clio, Sandero;
Kia – Picanto;
Nissan – March;
Toyota – Etios;
Honda – Fit;
Hyundai – HB 20;
Cherry – QQ, Face;
JAC – J2, J3;
Pode ser que tenha faltado algum carro ainda em minha lista.
Vários podem também comentar que há nesta lista modelos de diversos preços e
categorias, com motores que variam do 1.0 ao 1.4 turbo, de pouco mais de 60 cv
até os 152cv. Contudo, o importante nesta lista é que todos estes carros têm
mais ou menos o mesmo tamanho. Os menores são o Picanto, o Face, o QQ e o J2,
que formariam um segmento “subcompacto”. Mas na prática, acabam cada uma a sua
maneira concorrendo nas diversas características com os outros que se
apresentam na lista.
Nesta lista, algo se destaca logo a primeira vista: os
melhores carros em vários dos quesitos que eu elenquei encontram-se entre os
mais vendidos, dentro das duas marcas líderes de mercado. O Gol e o Polo são
certamente as referências em desempenho dentro da categoria e o Uno e Palio em
economia, dentro dos critérios que elenquei. O Fox é o melhor em habitabilidade
quando o assunto é a comodidade para levar passageiros e coisas com os bancos
rebatidos, enquanto o Punto é o mais agradável de ficar dentro longas horas. Em
matéria de comportamento, gosto muito do Fiat com os motores 1.6 e 1.8 mais
novos, sendo o 1.4 sofrível neste carro, mas muito razoável no Uno e no Palio.
Há outros carros muito bons em outros aspectos. O Fit, por
exemplo, é um carro com excelente habitabilidade, agradável de permanecer do
lado de dentro, muito cômodo, com seguro baixo e desempenho muito bom. Seria um
carro perfeito, não fosse pelo preço de carro médio, faixa em que se encontra
coisa muito melhor. Um hacth com todos os atributos do Fit a R$ 30 mil reais
seria o compacto dos sonhos de muita gente. Neste aspecto, quem mais se
aproxima dele é o Fox. Mas com o motor 1.0 o desempenho é sofrível.
Acho que com esta análise, que já se alongou muito, já é possível
ter uma ideia geral do sentido da lista. Quanto for comparar um carro, como o
Novo C3 por exemplo, vou compará-lo com aquilo que considero a referência no
segmento dos compactos. Para o carro referência vou atribuir uma nota 7. Qualquer
coisa melhor que isso, receberá uma nota de 8 a 10. Notas abaixo de 7 serão
para todos os outros carros que não se enquadram no quesito referência. É óbvio
que o julgamento é pessoal, subjetivo e adaptado ao meu gosto pessoal. Mas acho
que servirá como referência para quem quiser ter alguma ideia sobre carros sem
ter que andar em todos.
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