VIAJANDO PELA PATAGÔNIA – PRÓLOGO.
6 de janeiro de 2017. Província de Santa Cruz, Argentina.
Próximo a Facundo.
Cruzamos as estepes da patagônia argentina
mais de 100 km/h a mais de 10 dias. Agora estamos na ruta 40, celebre caminho
de motociclistas, que desafiam seus ventos inclementes sobre duas rodas. Ao
largo vemos pequenas elevações que não chegam aos 500m de altitude. Nesta
latitude, ao redor dos 45 graus sul, qualquer coisa acima de mil metros acumula
neves eternas. Na direção leste de onde estamos encontra-se o lago Munsters.
Estava na programação conhece-lo, mas nuvens de chuva e chuva estão naquela
região. Com isso, resolvemos seguir para
o norte, para Esques, e ficar a apenas 200 quilômetros de Bariloche.

Esta variação de cores camufla na distância
os guanacos, lebres, tatus, raposas aves e felinos que vivem nas lhanuras
patagônicas. Cavalos, vacas e ovelhas destacam-se a quilômetros de distância,
como alienígenas que são.
A Patagônia também é fascinante por ser um
território internacional. Por mais que argentinos clamem por sua
soberania, e chilenos reivindiquem seu
quinhão, gente do mundo todo busca algo
nas rotas do sul do mundo. Neste canto selvagem da terra, pouco habitado,
encontramos alemães, italianos,
neozelandeses, além de quantidades industriais de latinoamericanos do
Brasil, Colômbia e, claro, Argentina e Chile. Alguns vieram de
avião, muitos de carro, vários de moto,
outro tanto de bicicleta e alguns até mesmo a pé e de carona. A atração pelo
"fim do mundo" parece irresistível, o que me leva a pensar se há outro lugar no
planeta que seja assim como um imã de gente.
E diante disso tudo, qual afinal a dica ou o
conselho pra quem quer vir para o fim do mundo? Bem, diante de tudo que vi
nestes dias, a única dica que dou é:
venha. Se tem pouco dinheiro, venha de carona ou a pé. Se tem muito, venha de avião. Se quer curtir
cada quilómetro, venha de bike. Se quer sentir o vento, muito vento mesmo, de
moto. Quer trazer um pouco de casa consigo, arrume um motorhome e 10 kg de
feijão. Eu vim de carro. De jipe, pra ser mais exato. Dormi em hotel, em hostel
e em barraca. Andei no rípio, em duna e em asfalto. Passeie pelo cascalho
grosso das praias do estreito de Magalhães, onde apenas pinguins, leões
marinhos e baleias se aventuram a nadar nas águas gélidas.

Neste aspecto, vale a pena planejar
cuidadosamente o roteiro para não repetir estradas. Porque há muito para ver, e
tudo é muito grande, e sendo assim, voltar pelos mesmos caminhos é sempre um
desperdício de tempo e dinheiro. Em linhas gerais, a ida e a volta se alternam
por dois caminhos: a Ruta 3 e a Ruta 40. No Chile, a carretera Austral, ou Ruta
7. Por uma questão de tempo e de vontade, escolhemos ir pela Ruta 3 e voltar
pela Ruta 40. Trafegamos pouco pelo Chile. Então este relato irá se concentrar
nestes caminhos. Espero que sirva como um guia para os próximos viajantes que
querem chegar até este fim do mundo, e quem sabe se inspirar para os próximos.
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