BRAVO: melhor que as aparências

Por Fernando R. F. de Lima.
Desde julho de 2012 sou proprietário de um Fiat Bravo Essence Dualogic, com a versão 2.0 ou plus desde câmbio. Ao longo deste período, já rodei 23,5 mil quilômetros com o carro, sem qualquer ocorrência negativa digna de nota. O carro em si, não tem nada de especial: seu motor segue a receita consagrada por Toyota e Honda (1.8 16v, quatro cilindros, tração dianteira). Ao contrário dos japoneses, não conta com o assoalho traseiro plano, mas sim com um pequeno ressalto.
Ao contrário do Ford Focus, sua suspensão é do tipo eixo de torção na traseira, novamente seguindo a receita do Corolla, e a cabine é bem construída com um acabamento no padrão dos japoneses, o que chega a ser surpreendente num Fiat. De fato, o Bravo pode ser considerado o melhor dos Fiats atualmente em fabricação no Brasil. O senão do carro fica por conta de seu câmbio automatizado dualogic, que seria muito melhor caso contasse com dupla embreagem, como é o caso do atual Focus ou do novo Golf.  Ainda assim, ao menos nesta versão plus, não se pode dizer que o dualogic é de todo ruim.
De fato, ao contrário de uma boa caixa automática, sente-se as mudanças de marcha, sobretudo em reduções ou acelerações repentinas. Mas numa tocada suave, ou numa tocada esportiva, quase não se notam trancos. A condução do carro é muito suave que aquela obtida pela grande maioria dos motoristas num cambio manual convencional. Além disso, pelo fato de não possuir conversor de torque, este câmbio não afeta negativamente o consumo do carro.
Em minha opinião, o que poderia ser melhor no Bravo é o espaço no banco traseiro. Não falta espaço para a cabeça para uma pessoa do meu tamanho (1,84m), mas o espaço para as pernas é crítico, principalmente se eu estiver no banco dianteiro. Neste aspecto, até mesmo o Fox tem mais espaço no banco traseiro. Este aspecto atrapalha a colocação de uma cadeirinha de criança e principalmente um bebê conforto. Por outro lado, o carro possui sistema isofix de fixação, que apesar de ainda não estar regulamentado no Brasil, é o mais seguro para o transporte de crianças.
O porta-malas, com mais ou menos 400 litros de capacidade, é suficiente para uma família de quatro pessoas, composta de duas crianças e casal. Cabem malas para um fim de semana e um carrinho de bebê, ou malas para mais tempo de viagem, dispensando o carrinho. Além disso, o carro, mesmo o básico como o meu, conta com vários mimos: computador de bordo completo com duas opções de marcação, luzes de cortesia para todos os passageiros, luz no porta-malas, capô sustentado por amortecedor, saída de ar condicionado para o banco traseiro, porta garrafa refrigerado. Conta também com freio a disco nas quatro rodas e a performance do motor 1.8 é bastante satisfatória para o peso do carro.
Agora, o fator que é decisivo em favor desta versão do Bravo: por R$ 54 mil é possível levar para casa um hatch médio, dos mais bonitos do mercado, com bom espaço interno, motor de 132 cv, bom porta-malas, seguro relativamente barato (na comparação com 308 e Golf), cambio automatizado (ASG), além do essencial: air-bag duplo, ABS e EDB. Na mesma faixa de preço, tudo que se encontra é inferior ao Bravo: Honda City e Fit, VW SpaceFox, Chevrolet Cobalt e Spin, New Fiesta 1.6, e na própria Fiat o Palio Adventure Dualogic , o Linea ou a Strada.

Para levar um concorrente com câmbio automático, o mais próximo será o 308, que fica acima dos R$ 60 mil, Focus, (R$ 65 mil), Cruze (R$ 68 mil), Golf VI (R$ 84 mil) Golf IV (R$ 65 mil), C4 hatch (R$ 65 mil). Não vou dizer que o Bravo seja melhor que o Focus em dirigibilidade, ou que o Novo Golf em motorização ou suavidade do câmbio. Acredito até mesmo que o Cruze tenha maiores qualidades gerais. No entanto, por uma diferença de mais de R$ 10 mil, o Bravo é, em minha opinião, imbatível na categoria. Se a Fiat soubesse vender alguma coisa além de carros compactos, certamente seria um sucesso de público, e não amargaria um 4º ou 5º lugar em vendas na categoria.

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