VIAJANDO PELA PATAGÔNIA – PARTE 3 – LUGARES


Por Fernando Raphael Ferro.

Jimny na Península Valdez
Dentro do roteiro escolhido, cuja meta era chegar em Ushuaia, defini os lugares que eu gostaria de visitar. Como disse anteriormente, nosso caminho definiu uma passagem pelo Uruguai, a ida pela Ruta 3 e a volta pela Ruta 40. Já sabíamos, de antemão, que nossa viajam começaria pelo atlântico e que a volta se daria pelas cordilheiras. A questão era: nas imensidões patagônicas, o que iríamos encontrar?
A nossa saída do Brasil já pode contar com uma parada bastante interessante, no Balneário de Mostardas, no litoral norte gaúcho. A cidadezinha em si nada oferece que valha uma parada. Mas o Parque Estadual da Lagoa do Peixe e o Farol Cristóvão Pereira valem uma parada. No caso do Parque, há uma estrada em meio a dunas que levam até a praia. Esta não tem grandes atrativos, mas as dunas formam um belo cenário.
Mais ao Sul, seguindo pela RS-101, chega-se a São José do Norte para fazer a travessia de Balsa da Lagoa dos Patos e ter acesso a Rio Grande. A travessia não tem nada demais, mas vale como um passeio turístico. Depois segue-se pelos pampas até a divisa com o Uruguai em Chuí. Estas cidades gêmeas trazem a fronteira seca que divide dois países por apenas uma rua. Muito interessante a mescla que se dá neste fim do Brasil. Seguindo pelo Uruguai, na Ruta 9, é interessante deparar-se com uma pista de pouso no meio da rodovia, quando esta se abre, torna-se larga e a pintura das cabeceiras indicam que um avião de grande porte poderia descer por ali.
São José do Norte - RS




Fronteira Brasil - Uruguai

Chuí - RS




Montevidéu

Nosso roteiro original previa Punta del Este, mas o adiantado da hora nos fez seguir a Montevidéu. Bela cidade, por sinal, aparentemente muito rica e próspera. Uma cidade grande, com uma bela orla, praias ao longo do rio da Plata, com um centro histórico que vale a pena a visita. Mas, acima de tudo, no mercado municipal próximo ao porto, o melhor Bife de Chorizo que já comi na vida. Uma carne que além de extremamente macia, estavamaravilhosamente assada no ponto ideal.
De Montevidéu e seus pontos turísticos seguimos para Colônia del Sacramento, antiga colônia portuguesa que foi erguida em frente a Buenos Aires. Uma cidade com ares bucólicos, onde não havia muito o que fazer além de contemplar o pôr do sol e o buquebus que levava turistas de um lado ao outro do Río da Plata.
De Colônia del Sacramento iniciamos de fato nossa jornada rumo ao sul da Argentina. Cruzamos a fronteira por Frey Bentos, o que nos fez percorrer 390 km a mais do que a travessia via Buquebus. No entanto, em função do custo, ainda assim compensava. Também rumamos em direção ao norte, o que contrariava nossa vontade de ir ao Sul, pelo menos até cruzar a fronteira com a Argentina.

Colônia del Sacramento
Buquebus - Colônia del Sacramento
Uma vez chegando na Argentina, rumamos para Gualeguaychu, e dali em direção a Bahia Blanca. Foram quase 1200 km. Chegamos por volta das 23 horas, num dos dias que mais viajamos. Foi neste dia que encontramos a primeira família de brasileiros que seguia em direção a Ushuaia, assim como nós. Viajavam em uma X-Terra, mas seguiam em um ritmo com muito mais paradas, por causa das crianças. Depois de nos separarmos, seguimos viagem. Ao fim do dia, contemplamos o pôr do sol no Pampa, com uma típica paisagem do sul. Dormimos bem instalados num pequeno hotel nesta cidade portuária, que também é a porta de entrada (ou saída) da Patagônia. Ao sul de Bahia Blanca, começa a Patagônia segundo os livros de história, ainda que a geografia nem sempre defina assim.
Saindo de Bahia Blanca, tivemos uma boa notícia ao abastecer: na patagônia a gasolina, ou nafta como chamam os argentinos, fica mais barata. De certa de 20 pesos, seu preço caiu para 15 pesos, uma bem vinda economia de quase 25%.  E foi no posto de gasolina que encontramos um casal de curitibanos (na verdade um paulista e uma curitibana) que viajavam para Ushuaia também em um Nissa March.
Seguimos viagem neste dia para Puerto Madryn, uma viagem mais curta até a cidade, mas na qual enfrentaríamos um desafio: conseguir fazer a troca de reais por pesos, uma vez que não havíamos feito câmbio na fronteira. Imaginávamos que Puerto Madryn, por ser uma cidade turística, ofereceria esta possibilidade. Ledo engano. A única coisa que conseguimos trocar foram alguns dólares que a Glau tinha, sendo que os reais continuaram bem guardadinhos na carteira.

Pinguins na Península Valdez
Leões Marinhos na Península Valdez
Saímos de Puerto Madryn em direção a península Valdez, local que abriga uma pinguinera, além de ser o recanto de Leões Marinhos durante o verão. Fomos até as “puntas” para o poder avistar estes animais e no caminho cruzamos com muitos Guanacos, um tipo de camelídeo característico da América do Sul. O trajeto até lá é relativamente longo: foram quase 300 km ao total, dos quais uns 200 km em estradas de rípio, as primeiras que pegamos no caminho. Mas posso dizer que cada quilômetro percorrido valeu a pena. Ter visto os pinguins de Magalhães tão de perto foi uma experiência impagável, e ainda que os leões marinhos só se possam avistar à distância.

Pinguim na Península Valdez
Nesta noite dormimos em Puerto Pirâmide, uma pequena vila que fica no istmo da Península. Apesar disso, o camping era muito bem estruturado, e os restaurantes também. Este foi sem dúvida um dos dias mais marcantes da viagem, porque apesar da distância percorrida ter sido grande, foi muito gratificante todo percurso realizado dentro da península podendo desfrutar da companhia da vida selvagem, ainda mais desta fauna que é tão exótica para nós brasileiros.


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