O GOL PERDEU A LIDERANÇA?

Por Fernando R. F. de Lima.

A imprensa virtual vem noticiando a perda de liderança do Gol no ranking dos mais emplacados, mas será este um fato permanente ou apenas uma variação momentânea? Primeiramente, vale lembrar que os tempos no mercado de automóveis estão difíceis: Copa e Eleições, conjugadas a um desempenho pífio da economia e a juros crescentes estão brecando as vendas de automóveis, num ciclo que já não vem de hoje.

Além disso, com a obrigatoriedade do ABS e Airbag as fábricas viram a necessidade de retirar alguns de seus modelos de linha, entre os quais destaco o Mille Fire, da Fiat, e o Gol G4, da VW. Com isso, os emplacamentos da VW que ficavam ao redor de 20 mil Gols por mês caíram para 14,5 mil, e o Uno, que ficava ao redor dos 18 mil, caiu para os 9 mil.

Menos do que mostrar uma mudança no mercado, estes valores mostram que o Mille Fire respondia por metade dos Unos vendidos, e que os Gol G4 representavam cerca de 30% dos Gols. Com o fim dos modelos veteranos, a fatia dos Uno e Gol modernos caiu no marketshare, apesar de ser uma queda apenas no nome. Um dos carros que ganhou projeção, por outro lado foi o Palio. Isto porque, no top 10, é um dos poucos a manter dois modelos sob o mesmo nome, já que junta-se o Novo Palio e o Palio Fire no mesmo bolo, mesma estratégia da Ford com o Fiesta, que une o New Fiesta com o Rocan, e da mesma Fiat, com a dupla Siena/Grand Siena. Em termos de modelos únicos, a VW continua com o carro mais vendido, com o detalhe do segundo lugar pertencer a Chevrolet com o Onix.

Diante disse, cabe outra pergunta: pra onde foi o consumidor do Gol G4? Ao que temos visto pelo desempenho do up!, uma parte considerável, se não toda ela, foi para o novo carrinho, que parece estar suprindo a demanda dos consumidores de menor poder aquisitivo e de frotista, já que o número de up! com logotipos está aumentado muito nas ruas. Os clientes do Mille Fire também parece ter se direcionado em direção o Palio Fire, já que o Novo Uno permanece num patamar superior de preço e acabamento.

Ou seja, apesar de todo o alvoroço da imprensa, o Gol continua liderando, obviamente, sem tanta folga quando antes, já que o Ônix continua na sua cola. Contudo, pode ser que o desempenho do Ônix seja mais resultado de uma queima de estoques no mês de julho que de um real aumento de capacidade de produção. Apesar de todos os problemas do mercado, as fábricas continuam vendendo praticamente tudo que produzem ao preço que bem entendem. Esta situação só vai mudar se as pessoas realmente continuarem adiando a compra para quando o cenário estiver melhor.