O PRÓXIMO SALTO TECNOLÓGICO NO MUNDO DOS AUTOMÓVEIS


Por Fernando R. F. de Lima.

Quando olhamos a história do automóvel retrospectivamente é fácil identificar alguns padrões nas grandes mudanças no setor. A substituição generalizada da construção em chassis para o monobloco, a mudança da tração traseira para a dianteira, a substituição dos carburadores pela injeção eletrônica, a preocupação com a aerodinâmica e a visibilidade e, por fim, a crescente preocupação com a integridade dos passageiros em casos de colisão.
Paralelamente as estes movimentos, que ocorreram em ondas, houve também um aumento progressivo no conforto disponibilizado nos automóveis que ocorreu simultaneamente à adição de novas tecnologias na sociedade em geral. A introdução dos computadores no nosso dia a dia trouxe-nos os computadores de bordo, os sistemas Bluetooth e outros mais.
Quando olhamos para o futuro, no entanto, surgem as perguntas: quais serão as mudanças nos próximos anos no mundo do automóvel? Alguns apostam nos veículos elétricos; outros dizem que os híbridos irão dominar. De modo geral, todos apostam que a redução do consumo e da emissão de poluentes será a grande questão. Eu acho que, de fato, esta preocupação irá nortear a evolução nos próximos anos, mas creio que os motores a combustão continuaram muito tempo ainda em cena como protagonistas nas grandes cidades. É difícil mudar padrões.
Os motores a combustão tiveram um grande desenvolvimento desde a década de 1980, quando da generalização da injeção eletrônica. Motores de 1.6 litro geravam tanto torque e potência quanto os motores de 1 litro atuais. Além disso, poluíam muito mais. A maior diferença, no entanto, é que estes motores lidavam, em geral, com massas muito menores, por que os veículos tinham estruturas mais leves e carregavam menos equipamentos.
Mais Leve, Econômico e Rígido: eis o Golf VII
Retirar equipamentos dos automóveis para reduzir o consumo está praticamente descartado. Qual será a direção? O recente lançamento do Golf VII e do Novo Audi A3, com a plataforma MQB parece indicar a direção. Esta plataforma nova consegui o feito de ser mais resistente e leve ao mesmo tempo. Deste modo o carro ganhou equipamentos mas ainda assim ficou mais leve. Outro veículo que se destaca, de acordo com a última Quatro Rodas, é o no Land Rover, que também atingiu uma redução significativa, ultrapassando 600 kg em algumas versões.
Foto do  Ford Ecoboost 2.0, que substituiu o V6
com ganho em potência e Torque
Outra mudança na mesma direção é o motor Ford Ecoboost, de 1 litro, três cilindros sobrealimentado, cuja performance é superior ao anterior de 1.6 litros. Uma das vantagens deste motor está em seu tamanho e peso reduzido, que melhora a distribuição de peso e torna o Ford Focus que ele equipa um carro ainda melhor de dirigir que o anterior.
A redução de peso, sem perda de rigidez, será o novo salto tecnológico no mundo dos automóveis. Isso porque, quando comparamos os carros atuais com os antigos, o peso é o maior vilão da modernidade. Um Opala pesa tanto quanto um Celta, por exemplo. E a massa interfere na inércia, tanto para acelerar quando para frear, o que exige equipamentos mais sofisticados para não comprometer a performance. Outra questão é que o peso interfere diretamente no comportamento dinâmico. Um peso maior torna a direção menos comunicativa, fazendo com que o carro se arraste nas curvas, como se não quisesse mudar de direção.
Sem alterar componentes mecânicos, tamanho, potência ou torque, é possível obter um carro muito melhor e mais econômico apenas com a redução de peso. Reduzir a massa traz benefícios indiscutíveis no comportamento dinâmico e no consumo. Este compromisso será obtido de várias maneiras: emprego de aço mais resistente, fibra de carbono (que ainda é cara, mas tende a baratear), plástico de elevada rigidez e, a depender do custo futuro da energia, alumínio, cujo peso específico é significativa menor que de grande parte dos materiais.
Pode-se esperar, deste modo, que as próximas gerações de veículos mudarão não para incorporar equipamentos ou mudar o desenho: os novos Gol, Palio, Uno e tantos mais terão como diferencial a redução de peso em relação às gerações atuais, o que se refletirá em melhor comportamento dinâmico, menor consumo e redução da manutenção. Num futuro mais distante, talvez o automóvel atinja a eficiência de uma bicicleta, em carregar mais de 10 vezes o próprio peso sem deformar a própria estrutura com isso.

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